FILMES
A visualização de “It's a
Wonderful Life” (baseado no pequeno conto The Greatest Gift que
Philip Van Doren Stern escreveu) já faz parte da tradição de Natal, é
raro não dar na televisão nesta época do ano. George Bailey (James Stewart) é
um homem que se preocupa com todos os seus amigos e todas as pessoas que dependem
dele. Mas Bailey leva essa solidariedade à exaustão, não conseguindo
preocupar-se consigo mesmo. A sua vida torna-se tão difícil que decide
suicidar-se, no entanto, aparece um candidato a anjo que o ajuda, mostrando-lhe
o que aconteceria se ele não existisse. “It's a Wonderful Life” um excelente exemplo do cinema de Frank Capra.
A forma simplista e eficaz de como transmite uma mensagem universal é perfeita
e o grande charme do filme.
“A Christmas Carol” é um belo conto
de Nata escrito por Charles Dickens e adaptado ao cinema já inúmeras
vezes. A história segue os passos do
avarento Scrooge, um velho solitário e mal-humorado que detesta o Natal
e tudo o que ele representa. Scrooge recusa-se a festejar o Natal com a sua
família, preferindo ficar no seu escritório a trabalhar e a guardar a sua
fortuna. No entanto, numa véspera de Natal, o velho incompreendido recebe a
visita de três fantasmas que o farão ver a vida com outros olhos e talvez
despertar o seu espírito natalício. “A
Chritmas Carol” é uma ode à magia do Natal e à importância do espírito
natalício.
- "The Lord of the Rings" Trilogy

Aproveitando o facto de, neste Natal, estrear
"The Hobbit" nas salas de cinema, sugiro que vejam a sua sequela:
"The Lord of the Rings". Esta saga transporta-nos para um mundo
completamente diferente, cheio de simbolismo e povoado de criaturas
fantásticas. Baseado na obra de Tolkien, os três filmes seguem Frodo Baggins,
um hobbit (pequenas criaturas que apreciam os
pequenos prazeres da vida e sem grandes preocupações), na sua missão de
destruir “O Anel”(possuidor de poderosos poderes capazes de destruir o mundo),
assegurando a destruição do seu criador, Sauron. Para o ajudar nesta árdua
tarefa, forma-se uma sociedade, composta por membros de quase todas as raças. Peter Jackson e a sua equipa
fazem um assombroso trabalho na realização do filme, na elaboração dos cenários
até ao ínfimo detalhe, na banda sonora arrepiante de tão boa que é, na
excelente adaptação de um romance difícil e demasiado pormenorizado e na escolha
de um elenco que não poderia ser mais perfeito. Repleto de frases e cenas memoráveis, é uma trilogia de aventura e fantasia a não perder!
- The nightmare on Elm Street
E porque não ver um clássico do cinema cheio de terror? Wes Craven cria um novo
tipo de terror e traz-nos uma ideia arrepiante: o que aconteceria se os nossos
pesadelos fossem reais? E se morrer num sonho significar também morrer na vida
real? Todo o filme gira à volta desta brilhante ideia, um conjunto de jovens que
tentam escapar do famoso assassino Freddy Krueger. Este é uma das personagens
mais conhecidas, interessantes, assustadoras e originais do mundo do terror. Tem um elenco
realmente bom, sendo o primeiro filme de Johnny Depp! Para além disso, apresenta uma trilha sonora é marcante e extremamente eficiente já que cria ansiedade e tensão no espectador. Aconselho vivamente aos que gostam de ver filmes de terror.
A heroína de “Poetry” é uma
senhora de 60 e poucos anos chamada Mija (Yoon Jeong-hee) que sustenta o neto e
cuida de um vizinho idoso para sobreviver. Um dia, ela inscreve-se em aulas de
poesia e, enquanto ela procura inspiração para escrever o seu primeiro poema,
descobre que o seu neto se envolveu na violação de uma colega que, mais tarde,
se suicidou. O filme não tem um tema definido, no entanto, a perda de inocência
e de voz numa sociedade dominada por homens são, sem dúvida, adequados. O
argumento e a realização são brilhantes, Yoon Jeong-hee está magnífico. Há poesia em tudo o que vemos.
Peg (Dianne Wiest) é uma
vendedora da Avon que acidentalmente descobre Edward (Johnny Depp), um ser que
mora sozinho num castelo e que foi criado por um inventor que morreu antes de
lhe poder criar mãos, então, em vez delas, possui enormes lâminas. Edward é
vítima da sua inocência, amado por uns, perseguido por outros. Tim Burton cria
um enredo mágico que carrega uma forte crítica social. Por exemplo, ele usa o
contraste de cores entre o bairro e o castelo para mostrar o abismo entre os
dois. No bairro tudo é colorido e parece artificial, já o castelo é cinzento,
sem vida, mas iluminado pela presença de Edward. Com tantas cenas e frases
memoráveis, a primeira parceria entre Johnny Depp e Tim Burton foi e é um
enorme sucesso.
Aqui fica uma sugestão solarenga para ficar a par do que se passa no mundo do cinema este ano. Esta refrescante
história desenrola-se no Verão de Inglaterra e centra-se em dois jovens de 12
anos, Sam e Suzy, que se sentem deslocados do meio em que vivem. Apaixonados,
decidem fazer um pacto secreto que envolve fugirem juntos para um lugar
selvagem. O seu elenco é uma das primeiras coisas que de destaca pela positiva
nesta soberba obra, não só devido aos ícones do cinema que nela intervêm (Bill Murray, Bruce Willis, Edward
Norton, Tilda Swinton) mas também aos estreantes
(Jared Gilman e Kara Hayward) que não
apresentam nenhum ponto fraco. Para além disso, Wes Anderson é dos poucos
realizadores que deixa uma assinatura distinta nos seus filmes, ao ponto do
espectador ser capaz ver um filme e identificar de imediato o seu realizador.
Este é, de certeza, um filme que vai estar representado nos Óscares.
- Trois couleurs: Bleu, Blanc, Rouge

Bleu, Blanc e Rouge têm como lema “liberdade, igualdade e
fraternidade”, aliás, cada um dos filmes, representa um valor. No primeiro
filme, protagonizado por uma mulher que perde a sua razão de viver, a liberdade é aquela sensação estranha de
não ter nenhuma ligação com ninguém ou coisa nenhuma, nada mesmo. Ela é azul
pois a sua vida é nostálgica e melancólica.
Em Blanc temos a justiça que algumas pessoas merecem quando sofrem grandes
humilhações. Este é protagonizado por um homem que, depois de passar por
situações trágicas e cómicas, se esforça para ter o respeito da mulher que o rebaixou.
Aqui está presente a cor branca porque se trata da reunião de todas as cores,
juntas e iguais.
Por último, temos o Homem e as suas paixões e relacionamentos, onde predomina a
fraternidade. Não há outra cor, senão o vermelho, para as representar. Explorando os sonhos, a fantasia, coincidências e a beleza, é contada a história de uma mulher e um homem que desenvolvem uma ligação inesperada.
Em cada filme, Kieslowski pincela discretamente as cores no
cenário, como se fosse um jogo. Ao criar personagens tão detalhadas, o diretor
explora a complexidade e contrariedade do Homem em situações especiais, que
servem de metáfora para o lema.