(sem ordem)
- Black Swan
Darren Aronofsky regressa às luzes da
ribalta com um filme que aborda o clássico bailado “O Lago dos Cisnes” de uma
forma singular. Este é um filme intenso, perturbador e mesmo chocante. Por
detrás do véu de graciosidade e musicalidade, os bailados estão repletos de escuridão
e tragédia. Natalie Portman tem uma actuação perfeita e Aronofsky
conseguiu adicionar a um sublime argumento brilhantismo, criatividade, imagens
arrojadas e uma enorme intensidade narrativa.
- Midnight in Paris
Woody Allen regressa de novo aos cinemas criando um filme único,
repleto de cultura e beleza clássica. Inventor do seu próprio estilo de
cinema, o realizador e argumentista continua a surpreender. Gil Pender (Owen
Wilson) é um argumentista americano que parte para Paris com a sua noiva (Rachel
McAdams). Esta personagem que deseja ser um romancista viaja até ao passado na
capital francesa e conhece figuras ilustres da cultura mundial (Hemingway,
Scott Fitzgerald, Picasso, Salvador Dalí). Assistimos a uma história mágica de
alto calibre encantadora e memorável.
- La piel que habito
O enredo de “La Piel Que Habito” é
constituído por fortes momentos macabros e trágicos. Antonio Banderas é Robert,
um cirurgião plástico brilhante, assombrado por tragédias passadas. A sua
grande conquista é o desenvolvimento de uma pele sintética que resiste a
qualquer tipo de dano. A
realização de Almodóvar é muito astuta já que usa o secretismo e dois incríveis
flashbacks, tornando a obra bizarra, artística e cativante. A obsessão
por vingança, traição, morte, solidão, loucura e identidade sexual transformam este
filme num trabalho sombrio e angustiante.
- Le gamin au velo
Os Dardenne realizam um filme
acerca de Cyril (Thomas Doret), um rapaz abandonado pelo seu pai num orfanato,
com duas paixões: o seu pai e a sua bicicleta. O destino cruza o rapaz com a cabeleireira
Samantha (Cecile De France) que se torna, aos poucos e apesar de muitas
peripécias, como uma mãe para ele. Vencedor do Grande Prêmio do Júri do
Festival de Cannes, este é um filme que ganha pela sua simplicidade e
naturalidade.
- We need to talk about kevin
“We need to talk about Kevin”
mostra o nascimento e crescimento de um psicopata do ponto de vista da mãe. Desde
cedo Eva (Tilda Swinton) percebeu que Kevin (Ezra Miller) não era um rapaz
normal (o constante choro do bebé (apenas quando estava com a mãe) até ao
disparo de uma seta de brincar contra ela propositadamente). A história
não é contada da maneira mais tradicional. A acção alterna entre o passado e o
futuro, prendendo o espectador devido à curiosidade e ansiedade de saber tudo o
que aconteceu. A sua atmosfera, as cores, a montagem, a fotografia, a estranha
banda sonora, enfim, espanta e revela outro lado do cinema.
- Shame
A narrativa é simples, mas não deixa de ter muita coisa a dizer ao espectador. Brandon (Michael Fassbender), profissionalmente bem-sucedido e fisicamente atraente, vive sozinho em Nova Iorque e parece ter um dom natural para captar a atenção do sexo feminino. Aparenta ter uma vida normal mas Brandon esconde um segredo que o assombra, que o faz viver uma “segunda vida”: ele é viciado em sexo. E por causa desse vício, vive uma existência oca e vazia de significado, que com a chegada da sua irmã mais nova (Carey Mulligan), em tudo piora. “Shame” é um dos filmes mais audazes e determinados dos últimos anos, não hesitando em apresentar as coisas como elas são, mesmo que isso possa chocar o espectador. Este realismo confere-lhe veracidade e uma intensidade dramática ousada e intensa.
- Inception
“Inception” desenvolve a hipótese
de que é possível criar sonhos e construir mundos alternativos dentro deles,
fazendo com que eles pareçam reais e deixando as pessoas vulneráveis. O seu
principal objectivo é extrair informações, assim como entrar no subconsciente enquanto se dorme. Christopher
Nolan explora a ilusão e psicologia através dos sonhos, uma área em que tudo é
possível, ou seja, em que ele tem toda a liberdade para inserir uma dose de
surrealismo, sem precisar de ser coerente. No entanto não o faz. A estética não
se sobrepõe ao argumento ou personagens, cada um tem a sua densidade e uma
extrema importância. Com um grande elenco (Leonardo Dicaprio e Marion Cottilard
em destaque), este é um filme mental para ver e rever.
- 127 hours
Baseado numa história real, “127
hours” é um filme de sobrevivência que conta a história de Aron que fica com um
braço preso numa enorme rocha, no meio de uma fenda. Com a pouca água que tem e
sem comida, restam-lhe 127 horas de vida. Durante o tempo que fica com o braço
preso, Aron relembra certos aspectos da sua vida que poderia ter feito
diferentemente e pensa sobre alguns erros que cometeu. O formato de vídeo
documental é muito prático e o argumento simples mas cheio de simbologias favorece
Boyle (realizador).
- Like Crazy
Premiado no Festival de Sundance, trata-se de uma
espécie de romance “indie” original e dramático entre jovens, ela britânica e
ele americano. Interpretado de forma impecável por Felicity Jones e Anton
Yelchin, “Like Crazy” não segue normas, nem padrões, apenas acompanha o fluxo
de um amor à distância, onde não há vilões, apenas relações humanas. Se gostou de “500 days of summer” este
é um filme para si.
- Melancholia
“Melancolia” é o nome do enorme
planeta que viaja em direção à Terra. Acompanhamos o evento catastrófico pelo
olhar de duas irmãs, Justine (Kirsten Dunst) e Claire (Charlotte Gainsbourg),
que também dão nome aos capítulos que dividem o filme. O primeiro, com a noite
de casamento de Justine e depois pelo olhar de Claire às portas da tragédia,
sem saber o que fazer ou o que pensar. Von Trier é um excelente realizador que
conta uma história não só usando sublimes imagens mas também complexas
metáforas poéticas.
- Bonsai
Esta
é a história arrebatadora de Júlio (Diego Noguera) e de Emilia (Nathalia
Galgani), um casal que se amou no passado e que vive afastado no presente. Cristián Jiménez (realizador e
argumentista) conquista-nos logo no início do filme, quando revela que, no
final, Julio vive e Emilia morre. O resto é ficção, é “bla bla bla”. O
livro centra-se nas memórias de Julio, nomeadamente na relação amorosa inesquecível
e arrebatadora com Emilia, duas almas perdidas que se uniram através Proust.
O cineasta apresenta-nos um mundo recheado de livros, de plantas e de música,
filmado de forma meticulosa, repleto de personagens que vivem, choram, amam e
mentem.
- Intouchables
Este filme francês é baseado numa história
real entre Philippe (François Cluzet) um aristocrata rico que, após sofrer um
grave acidente, fica tetraplégico e o seu assistente Driss (Omar Sy), um jovem
problemático. “Intouchables” é uma película muito bem filmada, intimista,
simples e agradável. O seu ponto forte é, sem dúvida, o seu humor, por vezes
irónico. A incapacidade de movimentação de Philippe cria momentos hilariantes,
fortalecidos pelas qualidades dos actores.
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